Clientes diretos

De TradWiki 2.0

Os clientes diretos podem ser empresariais ou particulares (pessoas jurídicas ou físicas), e, dos dois, as empresas constituem a parcela mais significativa, já que oferecem maiores volume e frequência de trabalho.

Empresas e particulares são considerados clientes diretos por não haver intermediário (agências de tradução) entre tradutor e cliente. Por não existir essa intermediação, é possível estabelecer valores mais altos que os oferecidos pelas agências, já que estas ficam com parte do orçamento da empresa para um determinado projeto, quando contratadas. Ou seja: um projeto fechado entre cliente e tradutor tem um preço "X" que será integralmente pago ao tradutor. No entanto, se o mesmo projeto for negociado por uma agência, ele deverá custar o mesmo valor "X" para o cliente, mas esse valor será dividido entre agência e tradutor.

Embora seja possível cobrar valores mais altos de clientes diretos, trabalhar com empresas pode até ser mais caro e dispendioso para o tradutor. Para que um tradutor preste serviços para empresas no Brasil é necessário que ele emita algum comprovante de pagamento para fins legais. Caso o profissional seja autônomo, poderá emitir tanto um RPA (Recibo de Pagamento de Autônomo) quanto uma Nota Fiscal de Serviço Avulsa. Ambos os comprovantes são emitidos pelas prefeituras, sendo o último uma Nota Fiscal de Pessoa Física. Caso o tradutor tenha empresa constituída, emitirá uma Nota Fiscal de Pessoa Jurídica.

Os três comprovantes de pagamento são válidos no Brasil, contudo, grande parte das empresas tem preferência pela Nota Fiscal de Pessoa Jurídica, pois tanto na emissão de RPA quanto na de Nota Fiscal Avulsa há retenção de INSS (11%) e de outros encargos que encarecem o serviço para a tomadora. Além disso, há empresas que temem que a emissão frequente de comprovantes de pagamento pelo mesmo prestador de serviços possa ser usada — indevidamente — como afirmação de vínculo empregatício. Por esses motivos, os tradutores que pretendem trabalhar com clientes diretos precisam constituir empresa para que possam emitir Nota Fiscal de Pessoa Jurídica.

Por outro lado, a maioria das agências de tradução é estrangeira, o que inutiliza a emissão de Nota Fiscal e deixa o orçamento mais barato.

Outro fator que diferencia o trabalho com clientes diretos é o fluxo de projetos, que pode ser ainda mais sazonal, uma vez que empresas não demandam apenas tradução, ao contrário das agências.

Além disso, o tradutor assume maiores responsabilidades quando lida diretamente com clientes, e as características de "empresário" fazem-se ainda mais presentes nesse caso. A maioria dos clientes diretos não entende de tradução, o que pode dificultar sua comunicação com o prestador de serviço. Prazos e valores são negociados diretamente com o cliente, e, sem o intermédio de uma agência, o pagamento — ou a falta dele — também o é.

Os clientes diretos podem ser a porta de entrada no mercado de tradução. Enviar currículos ou conhecer pessoas que trabalhem em empresas que precisam de documentos traduzidos é uma forma de se começar a traduzir profissionalmente. Muitos profissionais iniciaram suas carreiras dessa forma: foram indicados por um amigo, parente ou colega que trabalhava em uma empresa que precisava de um documento traduzido. No entanto, o famoso "QI" não é tudo; é apenas uma forma de se entrar no mercado, mas manter-se nele depende de postura profissional, ainda mais importante quando se lida diretamente com o cliente.